Como manter a calma com os filhos
- Academia 108
- 20 de mar. de 2018
- 4 min de leitura

Ainda que ser mãe/pai seja das experiências mais gratificantes que podemos vivenciar, todos sabemos que nem sempre é fácil. Para além de sermos pais, desempenhamos uma série de outros papéis na vida, mantemos diferentes relações e deparamo-nos constantemente com desafios, seja no trabalho, na vida familiar ou a nível de saúde.
Consequentemente, ao longo do dia, são muitos os fatores que poderão contribuir para um estado de stress, frustração ou mesmo de exaustão mental/emocional. Contudo, recorrentemente ouvimos frases como “o meu filho tira-me do sério!”, como se as crianças fossem, de facto, o motivo do estado alterado em que os pais se encontram.
Naturalmente, todas as crianças passam por momentos desafiantes, com as chamadas “birras” e outros comportamentos disruptivos. Mas, na verdade, nunca são os atos das crianças que “tiram os pais do sério”. Os pais, seguramente, já estavam previamente chateados, frustrados, preocupados ou apenas demasiado cansados.
O que acontece de seguida é um momento de explosão: perante um comportamento indesejado, os pais vão reagir de forma exagerada, desproporcional e impulsiva, fruto do estado em que já se encontravam, que os deixou incapazes de avaliar a situação pelo que ela, de facto, é, incapazes também de estar à altura das necessidades da criança e da situação. O resultado é geralmente o mesmo: pais com sentimentos de culpa e filhos ainda mais frustrados, agitados e desconectados.
Estratégias para manter a calma e ser mais paciente
Faça uma pausa e respire Num estado emocional alterado, facilmente os ânimos se exaltam e são ditas/feitas coisas que depois trarão apenas arrependimento e stress acrescido. Assim que tiver a perceção de que está prestes a explodir, afaste-se e faça uma série de inspirações e expirações profundas. Ao regular a sua respiração, rapidamente conseguirá abrandar o ritmo cardíaco e todo o organismo ficará menos tenso. Simultaneamente, ao voltar a sua atenção para a respiração (mesmo que por breves instantes), estará a distanciar-se dos sentimentos de raiva que estavam a tomar conta de si e será capaz de analisar com outra clareza de pensamento. Depois, com mais calma, converse com o seu filho sobre a situação.
Aceite ajuda
Por vezes, seja pela pressão e exigência do trabalho ou qualquer outro problema quotidiano, poderá sentir que não está a ser capaz de gerir as coisas em casa como gostaria. É importante saber reconhecer, delegar e aceitar ajudas (ou mesmo pedir, se necessário), tanto para a execução de pequenas tarefas como para resolver questões mais exigentes. Se não puder contar com a participação do outro progenitor, fale com um familiar ou amigo disposto a ajudar.
Pratique a empatia e a compreensão Lembre-se que crianças são crianças e que, portanto, agem como tal. Como pais e adultos, é nossa função manter o discernimento e não nos unirmos ao caos do momento. Tente compreender o que se passa com o seu filho e o que poderá estar a incomodá-lo. Seja por estarem cansadas, ansiosas, com excesso de estímulos, frustradas ou incomodadas com algo, as crianças comunicam sobretudo através da forma como se comportam. Fique atento ao estado do seu filho, reflita sobre o seu dia, ouça o que ele tem a dizer, mesmo quando lhe parecer que não há justificação possível.
Mude a perspetiva O seu filho não quer abrir uma guerra contra si e, seguramente, não se sentirá melhor após uma explosão ou castigo seu. Encare o seu filho como ser humano que é, alguém que, tal como o pai ou a mãe, também passa por desafios e problemas (ajustados à sua realidade), que o deixam emocionalmente alterado ou incapaz. Encare-o como alguém que “joga” na sua equipa e pare de levar o comportamento do seu filho a peito, como se de ataques pessoais se tratassem.
Cuide de si A forma mais eficaz de conseguir manter a calma em situações extremas passa por cuidar de si e das suas emoções. Ao focar a atenção no que está a sentir, ao tentar compreender a origem das suas emoções, analisando-as e aceitando-as, irá tornar-se gradualmente mais consciente dos seus limites, pontos gatilho e necessidades. Descanse, faça uma alimentação equilibrada, medite e adote uma atitude mindful no dia-a-dia.
Antecipe-se
Reflita sobre as situações que, habitualmente, geram maior stress, quais os momentos do dia em que se sente mais propenso a perder o controlo, quais as atitudes indesejadas que já se tornaram padrão no comportamento do seu filho. Antecipe esses cenários antes de se ver mergulhado neles e crie estratégias. Se, por exemplo, vai a um restaurante e sabe que o seu filho tende a ficar impaciente, leve consigo um kit para colorir. Se a hora da refeição costuma ser um suplício, envolva o seu filho na preparação do jantar. Converse com ele, quando tudo está calmo, explique-lhe o que vai acontecer e como deverá comportar-se. Analise o seu dia-a-dia e faça, sempre que possível, pequenos reajustes nas rotinas.
Opte pela honestidade É muito comum os pais subestimarem a sensibilidade e a compreensão das crianças. Todos nós passamos por dias difíceis, momentos de tristeza, frustração e de profundo cansaço. Em vez de deixar esse mau momento tomar conta das suas emoções e levar a uma situação fraturante com o seu filho, abra-se com ele. Coloque-se ao nível dele e diga como se sente. Explique que precisa, realmente, da ajuda e colaboração dele. Peça-lhe um abraço e vai ver que ambos se sentirão melhor.
Use um mantra Num momento de calma, em que poderá refletir e definir intenções sobre a mãe/pai que deseja ser, escolha um ou dois mantras para usar nos momentos de crise. Repetir um mantra como “ele é uma criança, eu sou o adulto”, “inspirar, expirar” ou “calma, amor e compreensão” irá ajudar a resgatar a clareza de ideias, relembrando as suas intenções como pai/mãe.
Perdoe-se e celebre Não existem fórmulas mágicas e muito menos definitivas, para manter a calma. É algo que se pratica, que se educa, gradualmente. Portanto, é natural que falhe. Eventualmente, numa ou outra situação, não será capaz de ser o pai/mãe que deseja – perdoe-se por isso, analisando a situação e aprendendo com ela. E, sempre que for capaz de respirar antes de explodir, sempre que conseguir ser empático com o seu filho, sempre que a compreensão for a primeira resposta, celebre a conquista!