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Família: Comunicar para Conectar


À semelhança do que acontece com todas as relações que estabelecemos, a comunicação no seio familiar é sempre a chave para uma convivência harmoniosa, com laços fortalecidos.

Contudo, ainda que não possamos falar de duas famílias iguais, há um fator comum a todas elas: estamos perante um grupo de pessoas com vontades e necessidades próprias, independentemente das idades e papéis que desempenham na família.

Nesse sentido, seria utópico acreditar na existência de uma família isenta de desacordos, fricções e descontentamentos. Eventualmente, os desentendimentos surgem e, por vezes, chegam a descontrolar-se e originar situações de conflito entre pais e filhos ou entre casais.

Uma boa comunicação familiar não só assegurará uma melhor e mais fácil resolução dos problemas (minimizando-os substancialmente), como promoverá uma maior conexão entre os seus membros.

Estando comprovada a correlação entre a qualidade das interações familiares e o grau de satisfação manifestado pelos seus membros, é fácil perceber que padrões inadequados de comunicação, associados a interações familiares negativas, irão aumentar os conflitos e enfraquecer (ou mesmo dissolver) os laços afetivos existentes.

Como melhorar a comunicação familiar

Planear atividades em conjunto É essencial perceber a diferença entre dividir o mesmo espaço e fazer coisas, efetivamente, em conjunto, sendo as atividades com e para a família algo crucial para relações saudáveis e felizes. Naturalmente, escolher qual a atividade, o que se vai riscar da agenda para dar lugar a um novo plano, qual o melhor dia, entre outros detalhes, é algo que terá de ser decidido em conjunto. Lembre-se que a atividade terá de ser do agrado e interesse de todos, reunindo consenso e dando voz a todos. Momentos de lazer em família são sempre altamente propícios para uma comunicação mais aberta.

Juntos à mesa O tempo que passamos sentados à mesa, juntamente com os nossos familiares, enquanto almoçamos ou jantamos, é um momento repleto de potencial, no que à comunicação diz respeito. Seja por nem sempre os horários serem compatíveis ou por a televisão ligada monopolizar todo o espaço para diálogo, a verdade é que raramente as famílias aproveitam o momento das refeições para comunicar abertamente, com intenção e uma escuta ativa. Mesmo nas agendas mais complicadas, nem que seja um almoço ou jantar ao domingo, sentem-se à mesa sem pressas e com intenção, conversem, partilhem e esqueçam a televisão, os telemóveis e outras distrações.

Dedicar tempo individualmente Ainda que as dinâmicas em grupo sejam altamente benéficas e necessárias para qualquer família, é igualmente importante que reserve tempo para nutrir as relações que, individualmente, estabelece com cada um dos membros. Embora a família possa ser vista como um todo, não se esqueça que dentro desse coletivo existem diferentes relações que precisam ser cuidadas. Seja a relação que cada pai/mãe estabelece com cada filho, ou a relação entre o casal, todos os relacionamentos precisam de ser alimentados individualmente, com espaço para momentos de partilha, diálogo e conexão, que, muitas vezes, não acontecem quando estamos em grupo e as atenções se têm de dividir.

Ouvir com intenção Um dos passos mais importantes e eficazes para melhorar e promover a comunicação na sua família é ouvir. Pode parecer demasiado simples ou mesmo óbvio, mas não se trata de ouvir para responder. Ouvir com intenção, numa comunicação consciente, é ouvir totalmente focado no que o outro diz (e manifesta de forma não-verbal), sem distrações ou julgamentos. Para além de, assim, haver menor espaço para mal-entendidos, a outra pessoa também se sentirá mais acolhida e compreendida, ao ser merecedora da sua total atenção e, consequentemente, irá sentir-se mais à vontade para partilhar e expressar as suas ideias.

Demonstrar empatia Uma das formas mais positivas de unificar e nos conectarmos uns aos outros passa por transmitir apoio incondicional e constante. Mesmo em situações de desacordo, é essencial demonstrar empatia e respeito pelas necessidades, vontades e visões do outro e, quando sentir que a situação merece algum tipo de crítica, assegure-se que o faz de modo construtivo, sem julgamentos ou negativismos associados, fruto da sua preocupação. Especialmente entre familiares, a opinião de um é sempre relevante para todos, tendo um peso acrescido, para o bem e para o mal.

Focar no problema Em maior ou menor grau, desentendimentos e situações de crise fazem parte de todas as famílias. Sempre que surgir uma situação mais desafiante, assegure-se de que mantém o foco no problema e não nas pessoas. Isto implica não levar as atitudes dos seus filhos ou companheiro/a a peito, como se de ataques pessoais se tratassem. Responder à situação numa base de ataque pessoal apenas irá piorar o cenário. Foque-se no problema, partilhe o que sente e qual foi/é a sua visão, sem acusações e ouça o outro lado com intenção.

Aproveitar as rotinas familiares Na azáfama dos dias, entre horários rígidos de trabalho, afazeres domésticos, escola e atividades extra-curriculares, é fácil a vida seguir um rumo onde o tempo de qualidade em família se torna escasso. É, portanto, essencial que aproveite as rotinas familiares para criar momentos de diálogo, seja durante uma simples ida ao supermercado ou no momento em que lê uma história ao seu filho, antes de adormecer. Independentemente de durarem 10 minutos ou uma hora, é possível transformar pequenas tarefas e rotinas em momentos de verdadeira interação, repleta de significado.

Tirar partido dos benefícios da tecnologia Embora a tecnologia seja, muitas vezes, a grande vilã por detrás de uma comunicação familiar pobre e insuficiente, a verdade é que o seu uso pode servir, muitas vezes, para unificar. Desde que usada de modo consciente, a tecnologia permite manter as linhas de comunicação ativas, sendo possível estar em contacto, sempre que não for possível outro tipo de interação. Atualmente, é também possível criar grupos para famílias, em diversas aplicações e redes sociais, especialmente dedicados à partilha privada de conteúdos entre os membros.

Independentemente das características da sua família, do número de membros, da natureza das relações ou da disponibilidade de cada um, são vários os passos em que se poderá inspirar para melhorar a qualidade da comunicação familiar.

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