Todos os pais, cuidadores e profissionais de educação conhecem a frustração de receber como resposta um "não se passa nada, está tudo bem!", quando claramente percebemos que não é o caso.
Nas crianças mais pequenas, a recusa em falar sobre acontecimentos ou sentimentos desagradáveis poderá surgir sob a forma de "não sei", "não me lembro" ou simplesmente ignorando a pergunta ou mudando de assunto.
Mas então, o que se esconde por detrás dessa resistência?
É importante que comecemos por reconhecer que este não é um comportamento exclusivo das crianças - também nós, adultos, evitamos frequentemente partilhar os nossos sentimentos mais desagradáveis, as nossas ansiedades, preocupações, medos e angústias.
O poder do instinto de auto-proteção
Na verdade, sempre que as nossas crianças evitam ou fogem das nossas questões, fechando-se à comunicação e à partilha, estamos perante um comportamento instintivo de auto-proteção. E o que é que o desencadeia? Precisamente o receio de vivenciar os sentimentos dolorosos e mais desagradáveis. A criança irá tentar proteger-se dessa experiência emocional, que antecipa como intensa ou desconfortável, optando por mentir, fugir ao assunto ou ignorar a abordagem do adulto.
A importância da nossa reação/atuação Paralelamente ao mecanismo de proteção, existe o outro lado da equação - nós e a nossa abordagem/comunicação. É fácil de compreender que, estando zangada, triste, preocupada, frustrada ou envergonhada, a criança sinta receio, também, do modo como iremos reagir, não acreditando que se irá sentir melhor depois da partilha, se tivermos uma atitude mais inquisitiva e crítica. Contudo, se a nossa abordagem for a mais positiva, empática e encorajadora possível, as crianças vão perceber, gradualmente, que sim, todos nos sentimos melhor e mais leves quando falamos e partilhamos o que sentimos, num ambiente seguro e de compreensão. Saiba escutar, demonstre interesse, empatia e partilhe os seus próprios sentimentos.
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